Do Caos ao Cais da Avenida Brigadeiro

Em 5,1km de asfalto, a Avenida Brigadeiro Luís Antônio apresenta a síntese de muitos contrastes da cidade de São Paulo. As paisagens e caminhos com os tons de cinza, verde e arte caracterizam as diferentes percepções a serem exploradas. Extremos do moderno ao clássico se unem no principal ponto turístico da cidade: a Avenida Paulista. O cruzamento é como um divisor de águas: afluentes norte e sul desaguam em diferentes realidades. Com direção ao Centro da cidade, tradicionais igrejas, quarteirões de hospitais e teatros preservam o pouco que restou da arquitetura histórica até as proximidades da Praça da Sé.

Caminhar por essas bandas exige urbanidade e ainda mais atenção aos registros de áureos tempos de comércio e desenvolvimento, atualmente cobertos por tapumes de madeira, remendos e pichações. Árvores centenárias fazem sombra em praças e poucas outras crescem sufocadas sob calçadas de pesado concreto. As irmãs Ilízia, Helena e Izilda Moreira, de 82, 84 e 86 anos respectivamente, acompanharam a cidade crescer desrespeitando a história. Moram há 50 anos na Avenida Brigadeiro e nunca viram reformas na região. Caminham com dificuldade pelas calçadas desniveladas e apontam o tombado Casarão construído em 1900 que funcionava como hotel anos atrás, mas no passado foi casa de célebres figuras da elite paulistana.

A estação Brigadeiro da Linha 2 – Verde foi construída sob as movimentadas vias da Avenida Paulista e, assim como a famosa Av. Brigadeiro, leva o nome do militar luso-americano Luís António de Sousa Queirós, um filantropo na construção da Cidade, dono do primeiro navio que saiu do Porto de Santos para Lisboa e patriarca da família Queirós, homenageada em importantes ruas do Centro de São Paulo. No sentido Sul da Avenida Brigadeiro, o declive forma ondas que revelam novas possibilidades a cada farol vermelho desregulado. Altos edifícios em mármore e antigos casarões margeiam o destino até a região nobre dos Jardins.

O delta é o bairro do Ibirapuera, onde está localizado o parque urbano mais visitado da América Latina e o 12º local mais fotografado do mundo. As centenas de semáforos nas redondezas ordenam o caos do fim de tarde e indicam os últimos metros da Brigadeiro. No hotel de luxo arquitetado como um grande navio ancorado, um dos mirantes mais cobiçados da cidade permite a contemplação privilegiada do mar de luzes na agitada noite paulistana. Vistas das ruas, casas e sonhos, cada antena na Paulista é um farol aos navegantes que procuram na Brigadeiro um cais de oportunidades, chegadas e partidas, fazendo a história de São Paulo tão nossa quanto suas Avenidas.

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