Abandono de animais cresce em 2021
Pesquisa aponta um aumento de 70% nas ocorrências durante a pandemia
Por Kensuke Ota e Enzo Miura,
Com a necessidade de isolamento social, muitas pessoas começaram a pensar na possibilidade de adotar um animal de estimação. O número cresceu 400%, segundo a ONG União Internacional Protetora dos Animais (UIPA). No entanto, muitos desses animais têm sido novamente abandonados após alguns meses. No Brasil, sete em cada dez foram deixados na rua, só no ano passado, como mostra um levantamento da Ampara Animal. Ao todo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o Brasil tem cerca de 30 milhões de animais em situação de abandono.
Aline Silva, representante da ONG Cão Sem Dono, confirma esses dados na prática.
“O que a gente percebeu com a pandemia foi o crescimento de pessoas querendo repassar para nós os seus cachorros por motivo financeiro”, relata.
A Cão sem Dono, abriga hoje cerca de 530 animais, principalmente gatos e cachorros.
Para Camila Pellegrini, ativista pelos direitos dos animais e voluntária da ONG Anjos de Focinho, a questão financeira não é o único motivo para deixar um bichinho sem lar.
“Existem os casos de pessoas que não têm saída. Mas o que a gente mais vê é gente que adota um animal no impulso, mas quando começa a enfrentar a realidade, vê que o animal é um compromisso”, completa.
É considerado abandono o ato intencional de deixar o animal desamparado e entregue à própria sorte. A lei 13.131/2001, da Câmara Municipal de São Paulo, proíbe o abandono de animais em vias e logradouros, sejam eles públicos ou privados. A multa para esse tipo de infração é de 500 reais por animal abandonado.
“É algo que em tese funciona, porque mexe com o bolso das pessoas. A gente tem a lei vigente, mas não tem aplicação, não tem fiscalização”, esclarece Camila.
Além do aumento no número de animais resgatados, as ONGs vêm sofrendo com a queda nas doações arrecadadas. Aline afirma que as doações estão em queda desde março de 2020. Camila também faz essa mesma constatação. “A gente tinha eventos que ajudavam muito nas arrecadações e, hoje, não tem mais como fazer.” Assim, a divulgação dos animais fica prejudicada. A gente precisa se reinventar”, completa Camila.