Ocupação cultural estimula o contato com a arte

Espaço democratiza o acesso à cultura no bairro de Ermelino Matarazzo

Por Beatriz Catão e Laísi Borges.

Em 2013, no bairro de Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, instalou-se a Ocupação Cultural Mateus Santos, espaço idealizado por agentes culturais, com o objetivo de democratizar o acesso à cultura aos moradores da região. Atualmente, o coletivo promove saraus, oficinas, debates e outras ações que permeiam o campo da cultura a fim de ajudar as pessoas a entenderem e afinarem seus próprios gostos. 

Para permanecer funcionando, o movimento recebe apoio de outras associações da região. De acordo com o membro ativo da Ocupação, Gustavo Soares, 26, essa parceria é primordial e auxilia no fortalecimento da narrativa do espaço.

“A gente só estava ali, pois Ermelino não tinha um espaço cultural. Os bairros vizinhos todos têm espaço, porque Ermelino não? Não tem nem um Céu? Não tem uma Fábrica de Cultura?”, explica. 

A Ocupação auxilia na criação de uma identidade regional baseada na junção das histórias de várias personalidades do bairro. O morador Douglas Fonseca, 38, conta que a “Ocupa” proporciona uma política cultural no território e, por conta disso, ganhou grande visibilidade. “Essa é minha relação de pertencimento na região e, ao mesmo tempo, de agradecimento a um equipamento cultural”, conclui. 

Diego Queiroz, 31, que promoveu uma oficina na Ocupação, conta que ele próprio mudou com a experiência.

“Percebi o quanto era legal compartilhar conhecimento e ver o quanto você aprende nessa troca. Ensinar é aprender também”, afirma.

Ainda segundo ele, a arte promove no seu espectador um sentimento de segurança e aprendizado. Portanto, as atividades lá oferecidas serviriam de estímulo para que as pessoas possam lidar com as adversidades da vida. 

Devido à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, o espaço precisou reinventar seus projetos. Para isso, salas foram equipadas com computadores e um ambiente direcionado à produção de lives foi criado no local.  Com o auxílio do colaborador Valdir Carvalho, 50, conhecido na região como Jamaica, o coletivo promoveu outras ações direcionadas à conscientização durante a pandemia. Uma delas foi o anúncio, em carro de som, sobre medidas preventivas e cuidados com a saúde.

Em razão do forte impacto da pandemia no bairro, a relação da Ocupação com os moradores foi se modificando. Desde então, o projeto tem promovido iniciativas para assistir famílias com dificuldade financeira, como a arrecadação de alimentos. Gustavo explica que além de ser um espaço cultural, esse é também um espaço comunitário.

“O que o território pede, a gente vai fazer e vai se envolver. E o que o pessoal tava pedindo era comida”, conclui.

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