Moradores da Zona Leste questionam Projeto RevitalizaSP

Com volta do lixo, programa da AMLURB se revela ineficiente na Cohab 1

Por Rebecca Mayer.

Na zona leste de São Paulo, a antiga “rua de lazer” da Cohab 1 é um dos mais de 2,5 mil pontos de descarte irregular de lixo, segundo a Prefeitura. O local foi restaurado pelo Projeto RevitalizaSP, desenvolvido pelas Subprefeituras por meio da AMLURB, que além da limpeza das áreas, visa a sua preservação e conscientização da população. No entanto, com o retorno do lixo, os moradores questionam a eficácia da ação. 

A Subprefeitura do local (Penha) contratou a LimpaSP da Zeladoria Urbana para fazer  as pinturas de guias, muros, paisagismo e a retirada semanal de detritos. Iniciado em janeiro de 2020, o projeto estimulava a participação de toda a comunidade, que teve de ser suspensa devido à pandemia. A moradora Thaina Santos, 22, afirma que nunca houve conscientização dos moradores, nem fiscalização.

“[Eles] chegam, tiram o lixo e vão embora”, explica. 

Daniele Machado, coordenadora na Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (AMLURB) e responsável pelos dados e pedidos do RevitalizaSP, conta que o projeto busca fazer com que não haja mais descarte, mas que nem sempre a vizinhança colabora. Por outro lado, Thaina relata que muitos entulhos são jogados também pelas pessoas dos condomínios que vivem fora da comunidade.

O descarte irregular de lixo é previsto em Lei (13.478/02) como crime ambiental (multa de até R$15 mil). Felix Fernandes, 37, morador, diz que a ação não ocorre semanalmente, como é divulgado, e que culpam apenas a comunidade. De acordo com ele, além da limpeza e conscientização, é necessário fazer com que a vizinhança tema a multa e ter que responder por crime ambiental, com a punição de todos os responsáveis.

Daniele Machado acredita que a situação só melhoraria se voltassem a panfletar e fazer a ação junto de moradores da comunidade. Já a ambientalista Isabella Dias, 20, considera que o projeto poderia incluir os condomínios e acrescentar uma proposta de reciclagem, além de vender alguns resíduos e investir em infraestrutura. Ela também chama atenção para a importância da educação ambiental. 

Nicolas Greco, ambientalista, explica que esse aprendizado é uma ferramenta essencial para instruir e conscientizar a sociedade. Segundo ele, a população não pode aceitar áreas de aterro a céu aberto. 

Outros problemas ambientais são ressaltados pela ambientalista, como a decomposição falha do chorume, que emana metano para a atmosfera e polui o solo e o lençol freático. Além disso, em dias de chuva, conforme relatos de moradores, formam-se pequenas áreas de alagamento e acúmulo de água, o que torna o ambiente propício a contágios.

“É imprescindível citar o número de doenças que podem ser transmitidas nesse meio”, comenta Dias.

Greco explica que o descarte irregular não gera matéria-prima e faz perder o custo-benefício que o lixo é capaz de devolver. Segundo ele, a luta pelo meio ambiente leva tempo e persistência.

“Lutei desde 2015 junto à Amlurb para cobrar o destino adequado dos lixos e entulhos para os Ecopontos, e só conseguimos em 2019”, relata. 

Os Ecopontos são locais de entrega voluntária de entulho. Próximo à Rua de Lazer, o Ecoponto fica a 1 km de distância. Segundo moradores, é de fácil acesso tanto para carros quanto para ir a pé. No entanto, Felix diz que muitas pessoas sequer  o conhecem.


As notícias publicadas no Canal FAPCOM, tem como objetivo atender o artigo X da Diretriz Curricular Nacional do Curso de Jornalismo, publicada em 27 de setembro de 2013. Ela contempla o artigo 6º., inciso VI, que determina que o projeto pedagógico deve conter conteúdos que atendem ao eixo de prática laboratorial para propiciar conhecimentos e “desenvolver habilidades inerentes à profissão”.


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