Lendas misteriosas de Paranapiacaba

Vila histórica é destino turístico na região do ABC

Por Talmir Junior.

Paranapiacaba abrigou operários europeus que vieram ao país para construir a São Paulo Railway, fundada por ingleses no século 19. O local, que é distrito de Santo André, recebe um grande volume de turistas. Muitos deles interessados pelos mitos que, embora já investigados, ainda despertam curiosidade. E outros por sua arquitetura diferenciada.

Morador da vila há quase 10 anos, o bombeiro civil Caio Graco, 20, diz que apesar de não acreditar nas lendas, gosta de algumas que surgiram de histórias reais, como a do menino que usava uma boina branca. Ele conta que um dia o pai da criança viu a boina do filho ensanguentada na linha do trem e ficou desesperado, mas pouco depois, encontrou o garoto brincando. No entanto, o menino havia sido atropelado e já estava morto naquele momento. 

“Em 2003, quando fui trabalhar na vila, fiquei pasma com a imaginação dos novos moradores e como esse olhar de terror influenciou na trajetória turística da vila. Como se a lenda deixasse de ser estória e passasse a ser história’’, conta Cibele Paterli, filha e neta de ex-ferroviários.

A artesã da vila, Elineide Damico, 59, acredita em algumas das lendas e diz sentir a energia do lugar. O advogado e visitante assíduo, Cleiton Meneses, 27, insiste ter visto, em um de seus passeios pela vila à noite, um vulto preto no Museu Castelinho, antiga casa do engenheiro-chefe.

“Achei que não tivesse sido real, mas meus amigos estavam lá e confirmaram”, relata.

Muitas lendas envolvem a natureza do lugar, como a do Véu da Noiva, que é relacionada à névoa que cobre a vila. Segundo Elineide, a filha de um ferroviário foi abandonada no altar pelo noivo, que era o filho de um engenheiro. O pai do jovem o impediu de se casar com a moça, que ficou desolada e se jogou de uma colina. Dizem que quando a neblina chega, é porque a noiva está em busca do seu amado e pode capturar algum turista. 

Uma das histórias envolve a preservação da mata e é conhecida como lenda do Caçador Firmino. Graco conta que um homem saiu para caçar e, ao se apoiar na arma engatilhada, disparou um tiro contra a própria cabeça. Segundo a lenda, o espírito do homem morto continua na floresta, assombrando caçadores e outras pessoas que pretendem fazer mal à natureza.  

O bombeiro Caio Graco acredita que as lendas da cidade foram, por muito tempo, uma forma dos ingleses controlarem a população, já que as pessoas tinham medo de frequentar os locais das histórias narradas.

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