Antes de começar, por favor, dê o play na música Lovely Day do Bill Withers em repeat (para sempre).
De Retrato de uma Jovem em Chamas à trilogia do De Volta para o Futuro: Ser cinéfila é mesmo muito coisa de aquariana do primeiro decanato. Luanna abraçou o cinema e o signo no momento do seu primeiro respirar e junto desses dois pontos principais construiu sua forte personalidade singular e coberta de todos os tons de amarelo possíveis e imagináveis. Não ter vontade de conhecê-la é possibilidade nula.
Ela tem vinte e um anos de vida distribuidos gentilmente entre amar R&B, amar R&B e amar mais R&B. Provavelmente reencarnou de alguma alma que nasceu em outro tempo e ia aos shows da Whitney Houston gritar loucamente; ficava acampada na porta do hotel em que o Prince estava hospedado e chorou quando soube que o Stevie Wonder vinha ao Brasil no ano de 1970. Luanna, definitivamente, não é dessa época.
Num ato cotidiano de inspirar música e expirar cinema, Spike Lee a contrataria de olhos fechados para dirigir um filme de chacoalhar as revoluções cinematográficas, assim como ele fez com Faça a Coisa Certa. A graduação em cinema já está em curso e a resposta com tom de plena certeza, para a pergunta clichê “Por que escolheu essa faculdade”, vem sem titubear:
“É um ato político. Ser uma mulher lésbica em uma sociedade falocêntrica não é fácil e eu sempre consegui enxergar as mudanças e impacto que um filme pode causar. Além do espaço que ele pode permitir.”
Chorar não é uma opção. Dentro do seu meio de amigos Luanna é o símbolo de leveza e equilíbrio emocional, nunca falta um sorriso reconfortante ou um conselho de respiro para o desespero. “Vai ficar tudo bem, amor.” Mas, experimenta colocar Purple Rain do Prince e acender, como num interruptor, a luz do seu coração um dia partido ou De Ontem da Liniker para ativar o cheiro de cerveja gelada de um boteco do centro da cidade com as melhores amigas. Afinal, não só de Signo Solar vive um Mapa Astral.
Seus amigos relatam que passar um dia com ela tem a mesma sensação térmica congelante de estar numa sala de cinema e o cheiro de pipoca nadando na manteiga. Playlist de presente já receberam de monte; lista de filmes pendentes para assistir e séries que não se pode morrer sem ver então, nem se conta nos dedos.
Irmã do meio, filha da Dona Ana e mãe do Tim Maia e da Tina Turner de quatro patas. Dona Ana vive pedindo pra ela parar de namorar e seu irmão mais velho sempre participa da festa com as amigas. O coração da família é quentinho de se achegar e, por isso, não é mistério que o dela também seja quase que um cobertor pros dias frios.
A bandeira do arco-íris anda tatuada no peito da Lua há uns bons anos e se assumir uma mulher lésbica foi um ato de sinceridade para consigo mesma mas, longe de ser simples. “Foi horrível. Minha mãe não aceitou. Foram tempos difíceis. Minha mãe nunca gostou de mentira, de ser a última a saber. E eu não queria esconder algo que eu sou, sabe?” e a melhor parte vem como complemento: “Eu nunca fui boa de esconder nada hahahaha. Já tava na minha cara.”
A vida da Lua é mesmo um filme: Cortes de câmera intencionalmente focados nos sorrisos; Trilha Sonora em ritmo de música boa de se dançar; Elenco digno de lugar de fala e espaço a se ocupar e, claro, que nunca nos falte os 50 tons de amarelo.