Mirante Cultural tem número de inscrições reduzido na pandemia

Apesar da queda de inscrições, a comunidade próxima continua presente

Por Bianca Forçan e Maria de Fátima Souza.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, inúmeros estabelecimentos, centros culturais e escolas reduziram a capacidade de pessoas no seu espaço ou fecharam suas portas para controlar a proliferação do vírus. Com o Mirante Cultural, não foi diferente.

Em 2020, houve 500 inscrições para projetos oferecidos pelo Mirante. Já neste ano, foram contabilizadas apenas 220 inscrições. Porém, a quantidade de inscrições não reflete diretamente no número de pessoas que visitam o local, pois familiares de alunos e musicistas colaboradores também frequentam a unidade. Portanto, é difícil ter um controle exato de quantas pessoas costumam frequentar o espaço, conforme relatam Rafael Ferreira e Eduardo Carvalho, diretor e coordenador do Mirante Cultural, respectivamente.

A história do Mirante Cultural teve início bem antes da pandemia, em 2012, como um projeto de hip-hop na comunidade da Vila Mirante. Um grupo de jovens cristãos decidiu auxiliar crianças e adolescentes a se conectarem mais à cultura e à arte. À época, as atividades voluntárias eram financiadas pelos próprios voluntários, que visavam suprir uma necessidade cultural da comunidade.

Eduardo e Rafael inscreveram o Mirante em um edital voltado ao incentivo à cultura na cidade e, a partir de então, passaram a receber auxílio financeiro. Com a rápida expansão do projeto, foi necessário a construção de um espaço físico que pudesse abrigar todos os jovens. Logo depois, o projeto firmou parcerias com empresas e foi contemplado por outros editais, o que possibilitou a implementação de novas atividades, como aquelas voltadas à tecnologia. 

De acordo com um dos ex-alunos do Mirante Cultural, Jean, 27, atualmente profissional autônomo que trabalha com a produção de podcasts, essas atividades voltadas ao digital são de suma importância para a comunidade e tiveram um grande impacto em sua vida profissional, pois possibilitaram sua inserção no mercado da produção de conteúdo digital.

“Na minha formação, eu aprendi muito essa questão de ser muito competitivo a ponto de pisar [em] alguém para crescer. [Mas aprendi que] cada um tem o seu espaço e jeito, isso não impede ninguém de ter a sua autonomia ou ser feliz.”

Jean também fala sobre a importância de inserir crianças e adolescentes na arte e na cultura. “Qualquer pessoa, em qualquer idade, deveria ter um contato com a arte. Mas quando você inicia isso na infância ou, até mesmo, na adolescência, você está formando pessoas meio que fora da caixinha. Acho que eu posso falar isso. Pessoas que enxergam a vida de outra forma. Porque acredito que todo mundo tem um certo grau de criatividade e, por mais diferente que seja essas criatividades, as pessoas têm dentro de si a arte. O Mirante é um lugar que você pode expressar sua arte, seja ela qual for”, explica.

Disse ainda acreditar que a arte e a cultura podem transformar determinadas perspectivas.

“É mudar a perspectiva que a criança e o adolescente têm. Muitas crianças e adolescentes vivem uma realidade que determina muito o que ele deve ser ou não. E quando você tem uma veia artística, você vê que não significa sua realidade”, conclui.

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