Fome atinge quase 20 milhões de brasileiros, e ONGs se mobilizam pela arrecadação de alimentos

Pesquisa da Rede Penssan aponta que o Brasil pode voltar ao patamar de 2004 e retornar ao Mapa da Fome

Por Gabriela Nunes, Helena Santos Rocha e Mayara Coelho

Com o agravamento da crise econômica, política e sanitária no País, muitos perderam o emprego e, sem recolocação, estão a ponto de não terem o que comer. De acordo com pesquisa divulgada em março pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), a insegurança alimentar leve, que é a incerteza de acesso a alimentos no futuro, subiu de 20,7% para 34,7% em 2 anos.

Em São Paulo, os efeitos da pandemia atingem mais fortemente aqueles que já vivem em situação de vulnerabilidade. Maria Rosa, 62, mora com o filho mais novo, Maurício, e o neto João Victor, que é autista. A família sobrevive apenas da pensão do marido falecido de dona Maria. Ela trabalhava como doméstica, mas perdeu o emprego por problemas de saúde. O filho também ficou desempregado desde que o restaurante em que trabalhava fechou as portas no ano passado. 

Maria conta que passou um mês só comendo biscoitos. Ela sofria ao ouvir o neto reclamar da falta de comida.

“Faltou dinheiro, e a gente só não passou fome porque recebemos muita ajuda do povo aqui do bairro. Tem muita gente boa que me ajuda”, conta Maria.

Nesse período crítico, a dona de casa foi buscar auxílio na igreja da comunidade e conseguiu uma cesta básica. 

A presidente da ONG Anjos da Leste, Mayra Alegro, explica que passou a procurar recursos com a Prefeitura e amigos para contribuir mais no combate à fome enfrentada por pessoas como Maria. A equipe começou a entregar cestas básicas nas comunidades da zona leste de São Paulo com mais frequência desde o aumento da insegurança alimentar no país. O grupo notou um aumento no número de mensagens em redes sociais pedindo por ajuda para conhecidos que perderam o emprego, saíram de casa ou simplesmente não têm dinheiro para comer.

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