O futebol de várzea tenta manter a bola rolando

Por Thiago Santos e Júlio César Marin.

O futebol de várzea sempre foi mais do que apenas um esporte e diversão. Além do entretenimento, os campos também ajudam a gerar renda para várias comunidades. Os torneios já alcançaram um nível de organização que conta com campeonatos regionais e que distribuem prêmios generosos, disputados entre centenas de equipes. A Super Copa Pioneer, por exemplo, premiou a equipe AE Barro Branco, vencedora da edição de 2019, com 50 mil reais.

Microempreendedores de todos os tipos viram oportunidade de crescimento dentro do ramo. Desde o patrocínio das federações e dos campeonatos regionais, passando pela confecção de uniformes personalizados, e mesmo a venda de bebidas do lado de fora do campo, que abastece os torcedores e, às vezes, os próprios jogadores.

Durante a pandemia, com a proibição dos campeonatos, as pessoas envolvidas na realização dos jogos de várzea se viram sem uma importante fonte de renda. Esse é o caso do Vila Nova, time tradicional com sede na cidade de Mauá fundado em 1978.

“Infelizmente não estamos disputando campeonatos, nossa maior fonte de renda”, relata o presidente do Clube, Rudnei Donisete.

Na liderança do time há mais de nove anos, Rudnei está adotando várias táticas para mantê-lo. “Para arrecadarmos verba, alguns torcedores nos ajudam com 20 reais por mês, e pessoas que possuem um cargo no clube, como os diretores, ajudam com 50”. Ele também tem organizado rifas e vendido artigos esportivos do clube, como bonés e camisetas.

O impacto também é sentido pelo empresário Vicente Luciano Júnior, 45, criador da VSS, uma marca de roupas e acessórios voltada especificamente para o futebol de várzea. Ele conta que perdeu 70% do faturamento durante a pandemia.

“Decidi empreender para complementar minha renda. Felizmente possuo outros meios para sustentar minha família, mas a paralisação dos campeonatos atrapalhou muito o meu negócio”, completa.

O jogador Franklin Camargo, 28, que atua em vários times, conta que sustentava duas filhas com o futebol de várzea. Agora, a situação mudou. “Às vezes, aparecem alguns jogos que ganho entre 200 e 300 reais, mas não na mesma quantidade”. Franklin costumava participar de 10 a 15 jogos por mês. Atualmente, relata que é a sua esposa que está sustentando a casa.

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