Palhaços voluntários levam risadas aos hospitais
Grupo Alegria que Contagia traz diversão e bom humor em tempos de dor
Por Beatriz Monteiro e Helena Guimarães.
Um quarto hospitalar pode parecer um lugar aterrorizante. Estar deitado numa cama que não é a sua, as agulhas, os remédios e o barulho das máquinas tornam a experiência de estar internado assustadora. Inesperadamente, em meio às paredes brancas e cinzas, bem atrás da porta, surge uma figura colorida, engraçada e com um grande nariz vermelho. Os barulhos estranhos das máquinas dão lugar ao som revigorante das risadas.
A criança que estava fraca se sente forte novamente, podendo até se levantar e ir à brinquedoteca do hospital brincar com os novos amigos palhaços, como se o riso a tivesse curado. Essa cena descreve um pouco do trabalho do Alegria que Contagia, um grupo voluntário de palhaços que visita os hospitais do ABC paulista levando sorrisos a crianças e adultos que estão lutando pela vida.
A ideia nasceu do sonho de Anderson Jardim e Josiane Fonseca. Ambos já tinham cerca de seis anos de experiência com o trabalho humanizado em outros grupos da região. Depois de um tempo, em fevereiro de 2018, juntaram-se e decidiram criar um novo grupo.
Os dois, então, assumiram as identidades do dr. Jardim (Anderson) e dra. Amora (Josiane) e começaram as visitas de forma informal. Convidaram então quatro amigos para serem voluntários e começaram as visitas em abril de 2018 em seu primeiro hospital fixo, o Hospital Dr. Cristóvão da Gama em Santo André, hoje do Grupo Leforte.
A voluntária Jane Lima, que atua como a palhaça dra. Curica, relata que, antes de entrar para o grupo, já havia realizado outros trabalhos voluntários, mas sentia falta de uma função que lhe desse um sentido, com a qual pudesse ajudar os outros com sua própria personalidade. Quando entrou para o Alegria que Contagia, encontrou o que procurava.
“Pra mim é muito gratificante tirar um sorriso de quem não se sente tão feliz no momento”, afirma.
A pandemia da Covid-19 foi o pior momento para o grupo. O voluntário Thiago Santos conta que os fundadores lutaram para realizar visitas online desde o início da quarentena, mas sem sucesso. Somente no dia primeiro de maio de 2021, o grupo conseguiu realizar a primeira delas na Pediatria do Hospital HMCG.
Quando as visitas ainda eram presenciais, o Alegria que Contagia recebeu diversas mensagens de carinho e agradecimento de pacientes e pais pelas redes sociais. Os palhaços levam sorrisos por todo o hospital: para uma moça que doava sangue, para idosos em um passeio de cadeira de rodas, crianças internadas nos quartos, para os pais e acompanhantes, e até para recém nascidos.
Para Thiago, o trabalho faz uma grande diferença na vida dos pacientes.
“No hospital, você tem todo o tipo de pessoa na mais frágil das condições. E essa inocência do palhaço faz com que a gente esteja no mesmo lugar de fragilidade, de expor sentimentos e de sofrer. É isso que faz esse trabalho valer a pena, poder levar um momento de conforto e de paz pra uma pessoa que está numa situação muito ruim”, explica.